OS VÍRUS, A CHINA E A PNEUMONIA

O termo pneumonia refere-se a uma infecção do parênquima pulmonar que pode ser causada por uma série de microrganismos, que incluem bactérias, fungos, vírus ou parasitas. As pneumonias víricas são infecções pulmonares, ou pneumonias, causadas por vírus.

As bactérias e os vírus são as principais causas de pneumonia, sendo que os vírus são mais frequentes nas crianças e as bactérias nos adultos. É uma doença muito prevalente em todo o Mundo, apresentando uma taxa de complicações e mortalidade altas, o que a torna numa doença grave, que deve ser identificada e tratada o mais precocemente possível.

Embora a forma de apresentação seja muito variável, dependendo não só do microrganismo causal, mas também das características do doente (hospitalizado versus ambulatório, contexto epidemiológico, idade, existência de doenças associadas), há uma série de sintomas que devem ser motivo de alerta e de procura de cuidados médicos precoces.

Os vírus que habitualmente estão implicados nestas situações são os vírus que habitualmente causam as infecções respiratórias banais, como o adenovírus, o influenza A ou B (vírus da gripe), o parainfluenza ou o vírus sincicial respiratório.

O quadro clínico pode ser variável, mas a forma de apresentação mais habitual é início mais gradual, insidioso, com febrícula, tosse seca, sem expectoração, sensação de falta de ar e um conjunto de sintomas com origem extra-pulmonar, que podem incluir dores de cabeça, dores musculares, fadiga, náuseas e, inclusivamente, vómitos ou diarreia. É frequente os sintomas iniciais passarem despercebidos e o doente recorrer aos cuidados de saúde já com alguns dias de evolução da doença.

A transmissão da doença faz-se por contágio directo, pessoa a pessoa, através da inalação de gotículas de um doente contagiado (por exemplo, através de um acesso de tosse em que o doente não protege a emissão de gotículas com uma máscara ou similar). Habitualmente, o indivíduo que recebe o vírus tem como manifestação um resfriado comum, embora nalguns casos possa provocar doença mais grave, como a pneumonia. O risco de desenvolver pneumonia é maior em crianças, idosos e em doentes imunodeprimidos.

O último surto de pneumonia vírica ocorreu com uma forma de vírus da gripe, o influenza H1N1. Recentemente, desde Dezembro de 2019, com provável origem na China, tem sido descrito um novo surto de pneumonia vírica, através do coronavírus.

Conhecem-se uma série de espécies deste vírus, mas apenas 6 são capazes de infectar humanos. Com esta nova espécie, o 2019-nCoV, passam a ser 7 essas espécies. Este 2019-nCoV é também chamado “Wuhan Coronavírus”, por ter aparecido num mercado de venda de aves e marisco nessa cidade. O vírus terá passado de animal para animal e depois de animal para humano.

Os sintomas de pneumonia por este vírus são tosse e falta de ar, podendo evoluir, nalguns casos, para um síndrome de dificuldade respiratória grave, que pode, inclusivamente, necessitar de indução de coma e de ventilação artificial. Mas, e isto é o mais importante, como se referiu atrás, a grande maioria dos infectados sofre apenas um pequeno resfriado.

Não existe vacina conhecida para este coronavírus, provavelmente irão existir novidades neste campo nas próximas semanas ou meses. A forma mais eficiente de diminuir o contágio e a propagação da doença são as medidas habituais de higiene (uma boa higiene das mãos, protecção individual com máscaras, evitar tossir para o
ar ambiente e evitar inalar gotículas de alguém que tosse). O tratamento desta doença é inespecífico e passa por tratamento sintomático, uma boa hidratação oral e suporte das (eventuais) falências orgânicas.

Em Portugal, a Direcção Geral de Saúde reforçou as recomendações previamente emitidas para os viajantes com destino para a cidade de Wuhan e ainda Beijing, Guangdonge ou Shanghai, na China, nomeadamente evitar contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; lavar frequentemente as mãos, especialmente após conctato direto com pessoas doentes; evitar o contacto com animais; adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

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