COVID-19: O que a grávida deve saber…

O que é a ‘COVID-19’?

‘COVID-19’ é a doença provocada por um novo Coronavírus, identificado no final de 2019, na China, na cidade de Wuhan. Este novo Coronavírus designa-se por SARS-CoV-2 (Severe Respiratory Acute Syndrome) – Coronavírus – 2; as indicações “2” e “novo” existem porque, em 2002, tinha já sido identificado um outro Coronavírus: SARS-CoV.
Assim, COVID-19 significa “doença por Coronavírus 19” (COronaVIrus Disease 19).

Como se transmite?

Do que se sabe até à data, a transmissão deste vírus ocorre entre seres humanos através de gotículas respiratórias, ou seja, a infeção ocorre pelo contacto de gotículas de uma pessoa infetada que atingem os olhos, nariz ou boca de uma pessoa sã. Esta propagação do vírus pode acontecer através da tosse ou espirro de um doente que atinge diretamente a face de outra pessoa ou através do contacto com uma superfície ou objeto “contaminado” com estas gotículas.
É, por este motivo, que a evicção social, a lavagem frequente das mãos e a evicção do toque na boca, olhos e nariz se reveste da maior importância para prevenir a infeção.

Como se manifesta?

A expressão desta infeção é variável, mas assume, habitualmente, os sinais de sintomas de uma gripe: febre, tosse, dificuldade em respirar e mialgias. Estes sintomas podem aparecer entre 2 e 14 dias após o contacto com a pessoa infetada.
A maioria dos doentes, principalmente mais jovens e sem problemas de saúde, poderá ter queixas ligeiras ou quase nem manifestar sintomas, pelo que não precisarão de recorrer ao médico. Ainda assim, o seu isolamento é importante para evitar infetar outras pessoas. Numa minoria de casos, a doença manifestar-se-á de forma grave e precisará de cuidados de saúde com eventual internamento e necessidade de cuidados intensivos.

A infeção pode comprometer a gravidez? Corro maior risco de complicações estando grávida?

Pouco se sabe ainda acerca dos efeitos possíveis deste vírus sobre a gravidez e sobre a grávida. Da análise de grávidas infetadas na China, que adquiriram a infeção no final de 2º trimestre ou durante o 3º trimestre, parece haver um risco maior de restrição do crescimento fetal, bem como possibilidade de um parto pré-termo (na maioria das vezes iatrogénico, devido à necessidade de tratamento mais invasivo da grávida, por agravamento seu estado clínico).
Em relação a complicações na mãe, contrariamente a outros vírus respiratórios, este não parece acarretar para a grávida maior risco de complicações. Contudo, temos de ter em conta o crescente número de grávidas com idade mais avançada e com mais fatores de risco ou doenças prévias à gravidez, o que implica maior atenção nestes casos.

Como vigiar a gravidez neste contexto?

Cada hospital tem, ao longo dos últimos dias, adaptado a sua atividade assistencial, de forma a minimizar a aglomeração de pessoas e a diminuir a necessidade de idas ao hospital, procurando gerir as prioridades de exames, análises e consulta presencial. Assim, é possível que agendamentos previamente feitos sejam alvo de alterações, salvaguardando sempre os exames essenciais.
Assim, siga as indicações do seu médico assistente e evite recorrer ao Serviço de Urgência com o intuito de realizar exames em falta. Se esses exames forem imprescindíveis, eles serão agendados, de forma a minimizar as idas ao hospital e reduzir o risco de infeção, tão breve quanto possível; se for um exame de menor importância, ao ir à urgência, este não será realizado e corre um risco maior para si e para a sua família. Em caso de dúvida, contacte o seu Centro de Saúde ou Hospital de referência.

Tenho sintomas – e agora?

Se está grávida e tem sintomas como febre, tosse ou mialgias (semelhante a uma gripe) e suspeita ter tido contacto com alguém com COVID-19, deve contactar a linha SNS 24 (808 24 24 24). É possível que receba indicação para se manter em casa, vigiando sintomas e com recomendação para toma de paracetamol (que é seguro na gravidez). As precauções a ter e as indicações, caso tenha mais conviventes em casa, podem ser encontradas no site da Direção Geral de Saúde (DGS).

Quando devo dirigir-me ao Serviço de Urgência de Obstetrícia?

Se tiver alguma queixa ou algum dos sinais de alarme que podem ocorrer durante a gravidez como perda de sangue por via vaginal, dores que não passam, mesmo após repouso e/ou toma de paracetamol, ou suspeita de perda de líquido amniótico, deve dirigir-se a uma urgência de Obstetrícia. Se estiver infetada com COVID-19, de quarentena ou com sintomas respiratórios, deve idealmente contactar primeiro o hospital ou avisar imediatamente, aquando da sua chegada, mantendo sempre uma máscara de proteção colocada.

E o parto? É afetado caso esteja infetada?

A data e a via de parto são avaliadas caso a caso, quer na suspeita de infeção, quer perante uma grávida infetada. Na maioria dos casos, o parto poderá ocorrer como seria expectável, dependendo a decisão das indicações obstétricas habituais. Se a grávida manifestar complicações associadas à infeção, com eventual dificuldade respiratória, com necessidade de cuidados urgentes e especializados, pode ser necessário antecipar o parto e realizar uma cesariana urgente.

Há risco de transmissão para o bebé?

Os casos conhecidos até agora não suportam a ocorrências de transmissão vertical, isto é, não acontece infeção do bebé a partir da mãe durante a gravidez ou trabalho de parto. Contudo, após o nascimento, a exposição do bebé a gotículas respiratórias maternas coloca-o em risco. Por este motivo, após o parto, deve ser equacionado separar o recém-nascido da mãe ou indicar medidas de proteção específicas, de forma a minimizar o risco de infeção neonatal.

É possível amamentar mesmo estando infetada?

Segundo a evidência, até à data, a amamentação não é contraindicada, dado que não foram isoladas partículas virais infeciosas no leite materno. Contudo, as medidas de isolamento, entre mãe e recém-nascido, podem implicar que proceda à extração de leite ou que amamente sempre de máscara colocada e respeitando medidas de higiene estritas, para minimizar o risco de infeção do recém-nascido. Estas indicações são avaliadas caso a caso e discutidas com a grávida e equipa de Neonatologia.

Como me posso proteger da infeção?

As recomendações para as grávidas são semelhantes às da população em geral, podendo ser encontradas detalhadas no site da DGS. É fundamental uma boa e frequente higiene das mãos com água e sabão, ou com solução de base alcoólica; se tossir ou espirrar, deve usar um lenço ou o cotovelo, evitando espalhar gotículas respiratórias; evitar contacto com pessoas doentes, principalmente se tiverem tosse; evitar contacto das mãos com face, nariz e olhos; evitar sair de casa, a menos que estritamente necessário, e, se sair, evitar grupos de pessoas ou contacto próximo, mesmo com amigos ou família sem sintomas.

Gostou do artigo?

Deixe-nos o seu email e receberá a nossa newsletter CSB360º
Uma compilação mensal dos artigos publicados no nosso site, para que não lhe escape nada.

OUTROS ARTIGOS E NOTÍCIAS CSB360º