A sexualidade e a pandemia de covid-19
A pandemia de COVID-19 está a ter um papel devastador, ao nível socioeconómico e na saúde global das pessoas; no entanto, pouco se fala sobre as suas consequências no que toca à sexualidade humana. A vivência de uma sexualidade saudável tem um impacto positivo na resposta imunológica, na saúde psicológica e função cognitiva e pode atenuar os stressores psicossociais, sendo essencial a sua abordagem, mesmo em tempos tão confusos e incertos como numa pandemia.
Nesse sentido, a equipa da Clínica de Medicina Sexual reuniu dados relativos à atividade sexual e cuidados a ter perante o novo coronavírus, assim como informações úteis sobre potenciais problemas sexuais.
- Atividade sexual com um parceiro coabitante assintomático é seguro.
- A atividade sexual deve ser evitada com um parceiro em quarentena, após infeção ou exposição.
- Beijar ou qualquer tipo de contacto físico/sexual deve ser evitado se parceiro está sintomático.
- Se o parceiro está em risco de doença grave, devido a outras condições ou doenças, a atividade sexual deve ser permitida apenas se ambos os parceiros coabitarem.
- O contacto sexual com qualquer pessoa que não viva consigo deve ser evitado.
- Casais que não coabitam podem permanecer íntimos através de alternativas (telefone, sexting, vídeos, etc.).
- Apesar de o sexo, aparentemente, não ser uma via direta de infeção por SAR-COV-2, o vírus já foi detetado no sémen e fezes de doentes com COVID-19. Até ao momento, não foi detetado vírus nos fluidos vaginais, no entanto, mais investigação é necessária, motivo pelo qual é aconselhado o uso de preservativo.
- A ansiedade, relacionada com a doença e a morte, pode levar à diminuição (ou aumento) do interesse sexual.
- O stress e o aumento da convivência com o parceiro podem exacerbar as diferenças de desejo sexual.
- Homens com maior risco de complicações graves, secundárias à infeção por SARS-COV-2, também são aqueles que, tradicionalmente, apresentam maior risco de disfunção erétil (idade avançada, obesidade, diabetes mellitus, doença cardiovascular, etc.).
- Problemas financeiros e/ou instabilidade no trabalho podem causar e exacerbar a disfunção erétil.
- Humor deprimido, ansiedade, irritabilidade e medo podem piorar problemas com o orgasmo.
- Patologias de dor génito-pélvica podem ressurgir ou agravar com o medo e stress.
- O confinamento pode piorar (ou melhorar) problemas sexuais com o seu parceiro.
É importante ter consciência de que o stress, a ansiedade e o humor deprimido são resultantes dos efeitos diretos e colaterais da pandemia e podem afetar negativamente todos os tipos de problemas sexuais.
Nas diversas consultas de Medicina Sexual, os especialistas têm competências e capacidades para ajudar quem necessite de apoio e apresente dúvidas e receios relacionados com qualquer área da sexualidade, incluindo problemas relacionados com a pandemia de COVID-19.
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