Piolhos? Mas como?

O que são os piolhos?
Os piolhos (Pediculus humanus capitis) são pequenos parasitas que se instalam na cabeça dos seres humanos. Não transmitem doença, mas constituem uma importante causa de absentismo escolar, alarme social e custo económico.
São insetos muito pequenos, de cor castanho-acinzentado, com cerca de 2,5 mm de comprimento, sem asas. Não voam, nem saltam, sendo o seu contágio unicamente pelo contato “cabeça a cabeça”.
Os piolhos alimentam-se de sangue do couro cabeludo, provocam coceira e manchas vermelhas, devido à saliva injetada durante a picada. Um piolho vive de 3 a 4 semanas e tem um ciclo reprodutivo de cerca de 21 dias. Nessa altura, a fêmea do piolho liberta cerca de 10 ovos (lêndeas) por dia. As lêndeas aparecem em 7 a 10 dias.

Quando e como acontece o contágio?
O regresso às aulas, devido ao contacto mais próximo entre as crianças, constitui o período mais propício ao contágio. Além do contacto próximo (cabeça-a-cabeça), também é comum a transmissão através da partilha de chapéus, escovas e outros objetos pessoais de pessoas contaminadas.
O simples ato de pendurar a roupa (infetada) junto de outra no bengaleiro da escola é suficiente para fazer proliferar esta ‘praga’ num estabelecimento de ensino, e mesmo dentro das próprias famílias.

Quem pode ser afetado?
Ninguém está livre. Tanto pode afetar crianças pobres como crianças de classe média e alta, cabelos curtos ou compridos. A presença de piolhos não é sinal de falta de higiene, pois eles preferem um ambiente seco, fino, não gorduroso e limpo. Os cabelos das crianças, muitas vezes, preenchem essas condições e, portanto, são os mais afetados.

Como se descobrem?
A presença de piolhos confirma-se pela vigilância da cabeça. Os piolhos são castanho-acinzentados; se forem notadas pequenas bolinhas brancas, parecidas com caspa ou com areia, são as lêndeas.
O passo seguinte é confirmar, com recurso a um pente de piolhos – um pente de plástico com dentes muito unidos, com menos de 0,3 milímetro de espaçamento.

Quais os tratamentos disponíveis?
Existem dois tipos de tratamento: o tratamento químico com inseticida e o tratamento mecânico com ação física.
Em qualquer tipo de tratamento, é recomendável a sua repetição uma semana depois.

Tratamento químico: o que é e como se faz?
O tratamento químico é o mais tradicional e, até há pouco tempo, o mais eficaz e de eleição. Em Portugal, está disponível apenas e permetrina, a 1% no medicamento Nix, e a 2% no medicamento Quitoso. Atua, destruindo os piolhos, ao causar alterações eletroquímicas na membrana celular. Também intervém sobre os seus ovos, mas nem sempre de forma eficaz.
Após enxaguar o cabelo, o produto deve ser aplicado, cobrindo todo o couro cabeludo, esfregando abundantemente em toda a extensão, principalmente atrás das orelhas e na nuca, onde os piolhos e as lêndeas se concentram mais.
O produto não deve estar mais de 10 minutos em contacto com o couro cabeludo.
O tratamento deve ser repetido 7 a 10 dias depois, uma vez que os ovos dos piolhos, lêndeas, surgem entre os 7 e os 10 dias. O seu risco de toxicidade é reduzido. Ainda assim, não está indicado o seu uso em grávidas e em menores de 2 anos
Nos últimos anos, a permetrina perdeu muito da sua eficácia, principalmente por causa do aumento de piolhos resistentes a esta molécula.

Tratamento mecânico: o que é e como se faz?
Começa a ser para muitos autores, a opção de primeira escolha. É eficaz, na maioria dos casos, e apresenta poucos efeitos colaterais, daí a sua popularidade.
A sua composição é à base de silicones que, cobrindo o piolho com filme oclusivo, perturba o seu equilíbrio hídrico e/ou causa a sua asfixia. Atuam, na sua maioria, por asfixia (ação sufocante). A dimeticona é o composto mais utilizado e está presente no Stop-Piolhos, loção e champô a 5%, Licidin loção, Neo Quitoso Plus 100 e Piky solução cutânea.
A dimeticona obstrui especialmente os orifícios, ou aberturas respiratórias, do piolho, levando à sua morte. O tratamento é inodoro e não absorvido através do couro cabeludo, sendo raros os casos de resistência.
Paranix champô e spray é indicado para crianças, a partir dos dois anos de idade. Possui uma fórmula (silicone e óleos minerais) que fornece uma dupla ação mecânica de desidratação e asfixia atacando os piolhos e os seus ovos. Deve atuar durante 15 minutos para o sucesso do tratamento.
Loção Anti-Piolhos Fullmark atua em apenas 10 minutos. O seu método de ação permite matar os piolhos, provocando a sua desidratação. É uma combinação, original patenteada, de Miristato de Isopropil e Ciclometicone, dois ingredientes amplamente utilizados na cosmética, que, quando combinados, eliminam os piolhos.

Outras formas e tratamento
Não faltam na literatura descrições de soluções caseiras. A mais popular é a utilização de vinagre. A solução resulta da mistura de um copo de vinagre com um copo de água morna. Depois, com o auxílio de um pedacinho de algodão, espalhar em todo o couro cabeludo da pessoa infetada e cobrir o cabelo com uma touca, deixando agir durante 30 minutos, aproximadamente.
Com o cabelo seco, colocando uma toalha nos ombros, deve ser colocado um creme amaciador para o pente deslizar melhor. Passe o pente fino, mecha a mecha, da raiz à ponta do cabelo. A cada nova passagem, o pente deve ser observado para confirmar a presença de piolhos e deverá ser limpo. Este procedimento deve ser repetido semanalmente, durante 1 mês. Se não aparecerem parasitas dá-se o tratamento por terminado; se aparecerem, o tratamento deverá ser repetido.
Nenhum tratamento fica completo sem a remoção mecânica dos parasitas com um pente adequado. É mesmo a medida terapêutica mais relevante. Não é uma tarefa fácil, pela sua morosidade e pela elevada adesividade dos piolhos ao cabelo e ao couro cabeludo.

Quando os piolhos voltam a aparecer?
Aquilo que, à partida, parece fácil de resolver pode assumir dimensões de drama em algumas famílias. Falamos do reaparecimento dos piolhos.
Na maioria dos casos, trata-se de reinfestação pelo contacto de novo com o piolho de outras crianças não tratadas, ou incorretamente tratadas, ou com piolhos e lêndeas que ficaram “escondidos” em objetos de contacto pessoal. Mais raramente, pode tratar-se de uma resistência à terapêutica escolhida.
No primeiro caso, o mais comum, é importante identificar a fonte de contaminação; no segundo caso, terá de ser equacionado uma outra fórmula de tratamento.

Não sendo consensual, uma vez que os piolhos encontrados nas roupas não são viáveis, é recomendável que todos os objetos de contacto pessoal (pentes, tiaras, bonés, …) e tecidos das crianças (roupas, lençóis, toalhas, pelúcias…) sejam lavados a temperatura acima de 60°C, para diminuir as possibilidades de os piolhos aparecerem de novo.

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