A.V.C.

Acidente Vascular Cerebral

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre pela oclusão de um artéria cerebral, com a consequente interrupção da circulação sanguínea numa região do cérebro, levando a um enfarte cerebral, pela rotura de uma artéria cerebral com derrame de sangue para o interior do cérebro, levando a uma hemorragia cerebral, ou então quando a rotura da artéria ocorre no espaço existente entre as meninges, levando a uma hemorragia subaracnoideia, neste caso a maioria das vezes causada pela rotura de um aneurisma (dilatação em forma de saco da parede de uma artéria).

A Importância do AVC
Embora a mortalidade por AVC tenha diminuído nos últimos, de 154.2 para 91.6/100000 de 1999 para 2005, continua a ser a principal causa de morte em Portugal. O AVC é também a principal causa de incapacidade na vida adulta, sendo que cerca de 30% dos doentes sobreviventes de AVC aos 3 meses necessitam de ajuda nas atividades diárias e 20% necessitam de cuidados permanentes(1). Na cidade do Porto a incidência de AVC é de 198 por 1000000 habitantes por ano(2).

Reconhecer o AVC
Reconhecer um AVC no seu início não é difícil e, muito importante, é possível. Os sintomas e os sinais têm um início súbito, estabelecem-se em alguns minutos e depois podem progredir durante mais alguns (ou raramente horas). Os sintomas e os sinais representam a área do cérebro que está afetada. Se tiver DIFICULDADE em FALAR, a BOCA ao LADO e FALTA de FORÇA num BRAÇO, ou estiver na presença de alguém assim, deve CONTATAR DE IMEDIATO o 112, isto é ATIVAR A VIA VERDE DO AVC.
O sintoma principal na Hemorragia Subaracnoideia é uma dor de cabeça súbita e muito intensa, a pior que pode imaginar.

Tratamento agudo do AVC
É possível tratar os doentes com AVC nas primeiras horas de forma a diminuir os défices neurológicos ou até reverte-los. Assim a rapidez é essencial, porque quanto mais depressa se iniciar o tratamento melhor o resultado. Estes tratamentos denominam-se tratamentos de reperfusão e consistem em administrar por uma veia um medicamento para dissolver o coágulo (medicamento trombólitico) ou então retirar o coágulo da própria artéria cerebral (trombectomia mecânica). Tudo isto tem de ser feito nas primeiras horas após o início dos sintomas, idealmente nas primeiras 4 horas e meia.

O que causa o AVC
Existem múltiplas causas de AVC, mas a maioria ocorrem nas pessoas com Fatores de Risco Vascular, sendo os principais: ter Hipertensão Arterial, ser Fumador, ter o Colesterol Elevado, ser Diabético, ser Sedentário. Muitos AVCs acontecem porque se liberta um coágulo do coração que vai obstruir uma artéria cerebral, e isso é devido principalmente à presença de uma arrítmica cardíaca denominada Fibrilação Auricular. Se sentir que os batimentos do seu coração não são regulares deve consultar o seu médico com urgência e assim ser-lhe prescrito um medicamento anticoagulante que previne a formação de coágulos.

Como posso prevenir o AVC
Pode prevenir a ocorrência de AVC controlando os Fatores de Risco Vascular acima descritos com o acompanhamento do seu médico. Depois de ter um AVC também deve fazer o que se denomina de prevenção secundária, isto é prevenir a recorrência. Da mesma forma isso é feito controlando os Fatores de Risco Vascular, com medicamentos chamados antiagregantes plaquetares ou anticoagulantes no caso de ter uma Fibrilação Auricular. Em situações particulares podem-se desobstruir artérias, como a artéria carótida interna. E claro, deve ser integrado num programa de Fisioterapia para reabilitação. Controlar os Fatores de Risco Vascular é mais que prevenir o AVC, pois sabe-se, por exemplo, que com isso também está a prevenir a demência.

O que é um Acidente Isquémico Transitório
O Acidente Isquémico Transitório (AIT) corresponde à obstrução transitória de uma artéria cerebral, e os sintomas e sinais são semelhantes ao AVC, só que, felizmente permanecem a maioria das vezes 30 minutos a duas horas. É uma grande oportunidade de prevenir um AVC, que muitas vezes ocorre nos dias seguintes. Assim o AIT é também uma emergência, e deve ir de imediato a um Serviço de Urgência.

Como posso saber qual o meu risco de sofrer um AVC?
Existe uma aplicação denominada “The Stroke Riskometer™ App”(3), que se encontra traduzida para português e que pode usar no seu telemóvel.

1. Magalhães R, et al. Functional status three months after the first ischaemic stroke is associated with long-term outcome: data from a community-based cohort. Cerebrovascular Diseases. 2014;38;46-54.

2. Correia M, et al. Changes in stroke incidence, outcome and associated factors in Porto, Portugal, between 1998 and 2011. Int J Stroke 2016: 86:159-167

3. Stroke Riskometer™ Collaboration Writting Group. The Stroke Riskometer™ App: validation of a data collection toll and stroke risk predictor. International Journal of Stroke. 2015;10:231-244

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