A música e o Alzheimer.


A musicoterapia é, segundo a Federação Mundial de Musicoterapia, a utilização profissional da música e dos seus elementos como intervenção em ambientes médicos, educativos e quotidianos, com o objetivo de otimizar a qualidade de vida das pessoas e potenciar a saúde física, psíquica, social, emocional e intelectual.

E como é que isto se torna possível numa pessoa com Alzheimer, quando a doença magoa, por vermos grandes vidas irem desaparecendo, pouco a pouco, em conversas, em gestos, em olhares? Como é que a música pode ajudar quem pensamos estar perdido noutro mundo?
No caso das pessoas com Alzheimer, a musicoterapia tem o poder de evocar emoções e, com isso, reavivar memórias que se pensavam perdidas. Isto porque a memória musical é a última a desaparecer. A música traz sorrisos, olhares, mão na mão. A música traz respostas, traz as memórias que guardamos e que queremos voltar a viver. A música descobre novamente a vida.

Pessoas que não falam nem reagem a estímulos, pessoas agitadas, acamadas, pessoas que já não conseguem ter uma conversa coerente, pessoas que falam como se vivessem noutra época da sua vida respondem através de instrumentos musicais, cantam uma canção do início ao fim, respondem a perguntas simples. A música pode fazer com que recordem os seus tempos de criança, de jovem e de adulto, relembrem do nome completo de filhos, contem aventuras das suas vidas, descrevendo pormenorizadamente locais que fizeram parte de si. 

São estas pequenas coisas que nos mostram que estas pessoas continuam connosco e são capazes de comunicar. A musicoterapia consegue uma diminuição da agitação e melhora a qualidade de vida para estas pessoas. Também tem o poder de voltar a unir famílias, de proporcionar pequenos momentos de conversa entre a pessoa com Alzheimer e os seus familiares, permitindo igualmente a conexão com emoções há muito desaparecidas. Não importa o avanço da doença, a pessoa continua lá e a música tem o poder de a fazer reencontrar-se e de se conectar com ela.

Parece impossível, não é? Mas quando o vemos acontecer à frente dos nossos olhos, o coração enche-se de amor e os olhos de lágrimas porque encontramos o tesouro escondido.

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