PERTURBAÇÃO DE DÉFICE DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
MUITO ALÉM DA ENERGIA DE UMA CRIANÇA

“Ele nunca para!”
“Tem uma energia inesgotável!”
“Está sempre com a cabeça na lua.”
“Tenho de repetir as coisas dez vezes!”
Se estas frases lhe soam familiares, não está sozinho. Muitos pais, avós e educadores usam-nas todos os dias. É verdade: ser criança saudável é ter energia! Mas… quando é que os “bichos carpinteiros” são demais? Quando é que “estar ligado à corrente” deixa de ser engraçado e começa a interferir no dia-a-dia, no aprender a ler e a escrever, no participar, e até no falar?
PDAH – MAIS DO QUE AGITAÇÃO
A PDAH – Perturbação de défice de atenção e hiperatividade – é a perturbação do neurodesenvolvimento mais frequente nas crianças.
Caracteriza-se por desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade, tão intensas e prolongadas, que interferem com o rendimento escolar, com as relações sociais e até com a autoestima da criança. Os sintomas podem causar sofrimento à própria criança e à sua família, podem dificultar as rotinas diárias e o relacionamento com os pares.
Não se trata de “má-educação” ou de “falta de regras”. É uma condição neurológica complexa, com origem multifatorial, que combina fatores genéticos e ambientais.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
O diagnóstico é clínico, seguindo critérios internacionais bem definidos pela Organização Mundial de Saúde e por outras sociedades médicas. Em alguns casos, a avaliação neuropsicológica ajuda a identificar dificuldades em:
› Manter a atenção e resistir à distração
› Organizar tarefas e planear
› Regular emoções e motivação
› Controlar impulsos
Antes da idade escolar, só profissionais experientes devem fazer o diagnóstico, para distinguir a PDAH de outras condições… ou até de comportamentos normais para a idade.
O QUE SE PRETENDE COM A INTERVENÇÃO?
› Controlar a desatenção, hiperatividade e impulsividade
› Melhorar o desempenho académico e social
› Reduzir comportamentos disruptivos e de risco
› Reforçar a autoestima e o equilíbrio emocional
› Apoiar e adaptar as estratégias de tratamento à criança e à família
O tratamento pode incluir intervenção psicológica, treino cognitivo-comportamental, apoio psicopedagógico e medicação farmacológica simultânea.
E SOBRE OS MEDICAMENTOS?
Os medicamentos que tratam a PDAH pertencem ao grupo dos psicoestimulantes. Muito se ouve sobre os efeitos destes fármacos – desde ideias de que “acalmam” até que “transformam a criança num zombie”. A realidade é outra:
› Ao contrário do que se pensa, o efeito destes medicamentos é realmente de estimulação (o que pode soar contraintuitivo), aumentando o nível de neurotransmissores cerebrais que ajudam a regular a atenção e o comportamento
› São usados em todo o mundo desde 1944
› São seguros e aprovados por entidades como o Infarmed e a FDA
› Reduzem sintomas, melhoram o desempenho académico, diminuem o risco de acidentes e aliviam o stress familiar
Se surgirem efeitos indesejados, a medicação deve ser revista com o médico.
POR QUE MOTIVO É IMPORTANTE INTERVIR CEDO?
A intervenção precoce é fundamental e pode mudar o rumo da vida da criança, atenuando significativamente a acumulação dos sintomas ao longo da vida:
› Menos impacto negativo na aprendizagem
› Melhores relações sociais
› Maior bem-estar emocional
› Mais oportunidades no futuro
UM DIAGNÓSTICO, DUAS HISTÓRIAS
Sabia que, por vezes, o diagnóstico de PDHA numa criança leva os pais a reconhecerem a condição em si mesmos, ajudando-os a compreender desafios de toda a vida até então não explicados?
A PDHA não é “falta de educação”, é uma condição real. A informação é a primeira ferramenta para ajudar.
Conheça, compreenda e apoie: cada criança merece a oportunidade de brilhar.