DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CANCRO DO PULMÃO
O cancro do pulmão é o tumor mais prevalente no mundo, estimando-se em 2,1 milhões de novos casos por ano. Nos homens é o primeiro em incidência (cerca de 14,5% de todos os tumores), sendo que nas mulheres é o terceiro (8,4%), atrás do cancro da mama e do cólon e recto. Nos últimos anos tem-se observado um aumento das taxas de incidência no sexo feminino, uma situação relacionada com os padrões de adesão ao tabagismo.
Na Europa representa cerca de 25% das mortes por doença oncológica na população masculina da União Europeia. Já a nível global morre uma pessoa com cancro do pulmão a cada 18 segundos. Em Portugal, em 2020, foram diagnosticados 5415 novos casos, 65% deles em estadio avançado. Anualmente, cerca de 4600 pessoas morrem por cancro do pulmão. Para alterar este cenário é preciso apostar no diagnóstico precoce, promover os rastreios e consciencializar a sociedade.
Estima-se que cerca de 85% dos casos de cancro do pulmão estejam associados ao tabagismo, incluindo o fumo passivo. A exposição constante a poluentes atmosféricos e agentes químicos ou físicos (entre minerais radioativos e asbestos) também aumenta o risco deste tumor. Por isso, trabalhadores de diversas indústrias, construção civil, bombeiros, mecânicos e outros podem estar mais suscetíveis a ele. A história familiar e fatores genéticos também influenciam o aparecimento do cancro do pulmão.
Um grande desafio em relação ao cancro do pulmão é o estigma da associação ao tabagismo. Muitas vezes um olhar de culpa e desconfiança pesa sobre os doentes, mesmo quando eles não fumam, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença.
A falta de conhecimento representa um importante revés no combate ao cancro do pulmão. Em muitos casos tem um diagnóstico tardio, porque os sintomas, como tosse, expetoração (muitas vezes com sangue), dor no peito, falta de ar, cansaço, perda de peso e de apetite são desvalorizados e quando o doente é alertado por essas queixas já está numa fase avançada da doença.
Nem todos os tipos de cancro do pulmão são iguais, os principais são os carcinomas de não pequenas células e os de pequenas células. Esta distinção é importante, porque o tipo de tratamento e de prognóstico é diferente. A forma de apresentação e extensão da doença é igualmente importante. Quanto mais localizada, ou sejam menos metastizada, estiver a doença, maiores são as opções terapêuticas (inclusivamente a cirurgia) e maior é a esperança de vida. Inclusivamente, a cura total é uma possibilidade. Por exemplo, um carcinoma de não pequenas células que se apresente numa forma localizada tem uma taxa média de sobrevida, aos 5 anos, de aproximadamente 65%, enquanto que o mesmo tumor, já com metástases noutros órgãos, apresenta uma sobrevida média de 6% aos 5 anos, mesmo com os tratamentos mais avançados.
Ou seja, o cancro do pulmão é uma das principais causas de morte no mundo civilizado. O sucesso do seu tratamento aumenta quanto mais precocemente for detetada a doença, pelo que o seu rastreio ou deteção antes do aparecimento dos sintomas é fundamental para a sobrevivência. Antecipa o diagnóstico e aumenta a probabilidade de cura.
Estudos recentes mostram que realizar TAC do tórax com baixas doses de radiação em população de risco, a partir dos 55 anos de idade, pode ajudar a reduzir em até 20% a mortalidade.
A Casa de Saúde da Boavista e a Unilabs criaram um protocolo de colaboração destinado a todos as pessoas fumadoras ou ex-fumadoras, com mais de 50 anos ou com história familiar de cancro do pulmão e que permite a deteção precoce do cancro do pulmão. Consiste na realização de uma TAC do tórax de baixa radiação e de uma consulta médica de Pneumologia, na manhã do exame, já com o resultado disponível. Na consulta é avaliada a TAC e a recomendação de novos exames, caso necessário. Este procedimento deverá ser repetido cada 2 anos.