O que é a Vertigem Paroxística Posicional Benigna (VPPB) ou a Doença dos Cristais?

O desequilíbrio ou tontura podem ser devidos a causas variadas cuja origem poderá estar no ouvido interno (Vertigem Paroxística Posicional Benigna ou “Doença dos Cristais”, Doença de Ménière, Nevrite/ Neuronite Vestibular). Essas causas poderão ser vasculares, medicamentosas, víricas, traumáticas, alérgicas, doenças desmielinizantes, tumorais, psicológicas, entre outras. O doente com tontura, por norma, queixa-se de “cabeça oca”, desequilíbrio, sensação de flutuação. A vertigem é uma forma específica de tontura, e não é mais do que a sensação ilusória de movimento do próprio ou do ambiente que o rodeia, na ausência de verdadeiro movimento.

O equilíbrio é um processo complexo

O nosso equilíbrio é regulado pelo sistema auditivo, ocular, propriocetivo e pelo sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Quando o sistema nervoso central recebe informações erradas e dissonantes de algum dos outros sistemas, inicia-se, então, o processo de tontura. A “Vertigem Paroxística Posicional Benigna” ou “Doença dos Cristais” é a causa mais frequente de vertigem com origem no ouvido interno. Como o próprio nome indica, V (Vertigem): sensação de rotação; P (Paroxística): ocorre subitamente e por curtos períodos: P (Posicional): relacionada e agravada com movimentos da cabeça; B (Benigna) não é grave, mas poderá ser incapacitante.

Quando tudo roda…

O ouvido interno tem cristais de carbonato de cálcio, ou otólitos ou otocónias, que contribuem para o equilíbrio e para os movimentos corporais normais. Quando estes otólitos se deslocam do seu local anatómico correto e migram para os canais semicirculares (o mais frequentemente envolvido é o posterior), dá a sensação de que tudo “roda”. Os otólitos, quando se movimentam, enviam uma mensagem errada ao cérebro, dizendo que a pessoa está a rodar rapidamente, quando o doente pode estar simplesmente deitado ou a virar-se na cama. Os pacientes queixam-se de que ele, ou tudo o que o envolve, gira/roda.
São episódios rápidos, duram segundos a minutos, que se desencadeiam ou agravam com movimentos bruscos da cabeça. A pessoa afetada pode ter enjoo ou vómito, mas nega que fique a ouvir pior, ou que exista agravamento do zumbido durante as crises. Mesmo após a vertigem ter passado, por vezes, poderá sentir sensação de desequilíbrio, enjoo com movimento ou instabilidade. Na maioria das vezes, a VPPB ocorre sem causa aparente, mas pode estar associada a traumatismo, enxaqueca, a outras doenças do ouvido interno, a cirurgia, a períodos prolongados na cama.

O médico pode ajudar

O diagnóstico é feito através de manobras posicionais, a “Manobra de Dix-Hallpike” (a mais comum), colocando a cabeça em posição pendente, nomeadamente o ouvido interno, de forma a desencadear a crise e determinar qual o lado envolvido. O tratamento, por norma, baseia-se em manobras de reposição dos otólitos denominadas “Manobras de Epley / Semont” ou, ainda, “barbecue”, de acordo com o canal semicircular envolvido.
A taxa de sucesso é de cerca de 80%, embora as manobras possam ter de ser repetidas. Poderá, ainda, ser prescrita medicação para o enjoo ou vómito. Após a sintomatologia ter desaparecido, o doente deverá retomar, de forma segura, as atividades diárias. O movimento e o exercício são importantes para uma restauração mais rápida do equilíbrio.

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