Há tratamentos médicos e instrumentais (normalização do transito intestinal com medidas dietéticas e laxantes, utilização de tópicos, injeção de substâncias que provocam esclerose das veias, utilização de laser para obter o mesmo efeito etc.) que estão indicados nos dois primeiros graus.
O tratamento cirúrgico deve ser reservado a doentes com grandes componentes hemorroidários, ou para doentes com associação de componentes externos e internos com prolapso significativo (graus III-IV) Nível de evidência I; Grau de recomendação, B.
Analisando os estudos prospectivos randomisados disponíveis na literatura verifica-se ser a hemorroidectomia o tratamento mais eficaz para a doença hemorroidária.
No entanto está também associada às mais altas taxas de complicações e aos maiores problemas funcionais pós operatórios.
Deste modo os factores individuais dos doentes e mesmo as suas preferências após claro esclarecimento, devem ser cuidadosamente equacionados
As alternativas cirúrgicas incluem a hemorroidectomia aberta ou fechada executada com bisturi, pinça seladora (Ligasure) ou diatermia.
Todas são opções razoáveis, nenhuma apresentando clara vantagem sobre as outras.
A hemorroidopexia com agrafador circular com corte é uma alternativa cirúrgica já consagrada adaptando-se especialmente a indivíduos com prolapso hemorroidário interno, sem componente externo significativo. Implica uma ressecção circular da mucosa e submucosa praticada no vértice dos pedículos hemorroidários. Além da redução do prolapso da mucosa, as almofadas hemorroidárias são fixadas à parede muscular e a circulação sanguínea do plexo hemorroidário é interrompida. Estes objectivos são conseguidos com um disparo de um agrafador circular, modificado a partir dos dispositivos desde há muito utilizados em anastomoses do tubo digestivo.
Múltiplos ensaios prospectivos randomisados têm sido publicados comparando a hemorroidectomia aberta ou fechada com a hemorroidopexia.
A maioria deles demonstram diminuição da dor pós operatória, mais rápido regresso à atividade com a hemorroidopexia mas um menor controlo da recidiva à distância. As taxas de complicações parecem muito idênticas.
A hemorroidopexia não é no entanto eficaz no tratamento de grandes componentes hemorroidários externos.
Baseadas na tese da origem arterial da doença hemorroidária, tem vindo a ser propostas técnicas de laqueação das artérias hemorroidárias para tal utilizando anuscópios fenestrados com dispositivos de Dopler associados que ajudam à localização dos ramos arteriais.
A laqueação das artérias hemorroidárias pode ser associada a uma suspensão dos componentes internos resultando numa técnica que teoricamente beneficiaria do melhor controlo da dor pós operatória com o mesmo princípio de reforço da suspensão proposto pela hemorroidopexia. São técnicas que embora sedutoras não têm ainda confirmação categórica de eficácia.
A especificidade da indicação de cada técnica, e os efeitos devastadores de uma indicação errada ou de uma má execução devem reservar o tratamento da doença hemorroidária a unidades de saúde dotadas de recursos técnicos e humanos especializados.