O IMPACTO DAS RELAÇÕES AFETIVAS NA PERSONALIDADE

As relações afetivas na infância exercem uma influência significativa no processo de desenvolvimento humano, em particular na forma como os jovens e os adultos se irão relacionar.

Estas relações afetivas condicionam a relação com eles próprios, em domínios como o autoconceito, a autoestima, a segurança emocional, a capacidade de resolver problemas e de tomar decisões, a sua relação com os outros, como estabelecerão laços afetivos e como vão comunicar, e ainda a relação com o mundo em geral, como se irão adaptar e enfrentar os desafios.
Somos essencialmente relacionais e curiosamente o mais dependente dos seres vivos.

Na interação prolongada entre a criança e os adultos que dela cuidam, desenvolvem-se processos psicoemocionais complexos. A dependência durante a infância significa também que a criança está particularmente vulnerável à influência dos adultos cuidadores.
São as relações que nos formam e nos transformam em seres humanos adultos. A título de exemplo, uma criança que foi criticada de forma habitual virá a ser, muito provavelmente, um jovem e um adulto com uma autocritica excessiva.
Se a mãe (ou o cuidador mais significativo) responder com proximidade, consistência e constância às necessidades afetivas da criança, isso facilitará o desenvolvimento da sua autoconfiança e das suas competências sociais, e ela crescerá com uma personalidade segura.
Em contrapartida, quando o adulto responde às solicitações emocionais da criança com ansiedade, inconsistência ou zanga, ela desenvolverá uma personalidade dependente e preocupada, ou evitante da proximidade emocional.

MODELO DE SI PRÓPRIO POSITIVO MODELO DE SI PRÓPRIO NEGATIVO
MODELO DOS OUTROS POSITIVO PESSOA COM SEGURANÇA *PESSOA PREOCUPADA *
MODELO DOS OUTROS NEGATIVOPESSOA EVITANTE-DESLIGADA *PESSOA EVITANTE-RECEOSA *

* PESSOA COM SEGURANÇA
› Constrói relações afetivas com facilidade e sente-se confortável na proximidade emocional.
› Atua com segurança, determinação, sem se preocupar com aquilo que os outros possam pensar de si, ou se é aceite ou não. Confia nas suas capacidades.
› Apoia-se nos outros quando precisa. A sua comunicação é clara, confiante e assertiva.

* PESSOA PREOCUPADA
› Sente necessidade de estabelecer relações afetivas próximas. No entanto, sente que os outros não correspondem aos seus desejos, como gostaria.
› Sente-se insegura na intimidade, pois, como se valoriza pouco, teme a rejeição dos outros, ao descobrirem as suas limitações. Está continuamente à procura de aprovação e de intimidade. Costuma culpabilizar-se pela falta de proximidade dos outros.
› É alguém que tende a usar níveis elevados de expressão emocional, a comunicar receio, e a ser impulsivo.

* PESSOA EVITANTE-DESLIGADA
› Sente-se confortável sem relações emocionais próximas.
› Gosta de se sentir independente e livre, preferindo não depender dos outros e que os outros não dependam de si. Desvaloriza as relações emocionais significativas.
› Conhece pouco a linguagem dos afetos, e evita os compromissos. Trata-se de um estilo defensivo que busca proteger-se de uma possível (e temida) rejeição por parte do outro, a quem tende a desvalorizar.

* PESSOA EVITANTE-RECEOSA
› Deseja a proximidade emocional, mas sente-se desconfortável na intimidade pela dificuldade em confiar nos outros (e de depender deles). Teme que a qualquer momento os outros possam aproveitar-se dela, abandona-la ou rejeita-la, desconfiando habitualmente das suas intenções e mantém-se em permanente alerta.
› Nega, frequentemente, os seus afetos e suprime as manifestações afetivas que, por um lado, deseja e que, por outro, teme.

Com base em Bartholomew e Horowitz (1991)

Ainda que se diga que vale mais prevenir do que remediar, é uma boa notícia saber que quando a relação afetiva na infância e adolescência não decorreu do melhor modo, é ainda possível “remediar”, através de uma intervenção psicoterapêutica que estruture os pilares da personalidade, ferida pelos vínculos emocionais deficientes.

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