Faço diálise. Posso ser anestesiado?

A doença renal crónica, com necessidade de diálise, seja hemodiálise ou diálise peritoneal, é uma patologia cada vez mais frequente, e na maioria dos casos associada a outras doenças graves. Deste modo, estes doentes são muitas vezes candidatos a procedimentos cirúrgicos eletivos ou de urgência, estejam ou não relacionados diretamente com a doença renal.

A diálise permite a remoção do excesso de volume corporal, dos produtos resultantes do metabolismo das células e ainda a normalização do equilíbrio ácido-base e iónico do organismo. Por esse motivo, é essencial que nas cirurgias eletivas esta seja mantida: se o doente fizer hemodiálise deve fazê-la na véspera; no caso da diálise peritoneal deve ser mantida até ao procedimento.

A avaliação pré-operatória é especialmente importante nestes doentes. Doenças associadas, medicação habitual e exames auxiliares de diagnóstico (análises, eletrocardiograma, ecocardiograma) são muitas vezes descritos em documentos (facultados pelas clínicas de diálise) que devem acompanhar sempre o doente, facilitando assim o acesso a todos os dados clínicos que o médico anestesiologista considere relevantes.
A maioria da medicação domiciliária deve ser mantida antes da cirurgia, exceto se houver indicação médica contrária. Os tempos de jejum devem ser respeitados (mesmo pequenos procedimentos sob sedação exigem suspensão de ingestão de alimentos sólidos/líquidos de pelo menos 8 horas, embora pequenas quantidades de água sejam permitidas até 2 horas antes).

Não existe uma técnica anestésica de eleição para estes doentes, a escolha entre anestesia regional, anestesia geral ou anestesia combinada será determinada pela equipa médica em conjunto com o doente. O mais importante é privilegiar a estabilidade clínica e um eficaz controlo da dor. Na ausência de intercorrências, a diálise pode ser retomada conforme o horário habitual no período pós-operatório.

Deste modo, a diálise por si só não é um impeditivo para a realização de um procedimento cirúrgico com anestesia, exige apenas uma estratégia clínica adaptada a esta condição e a cada doente.

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