Ás vezes, ouvimos dizer que é preciso falhar para aprendermos com essa experiência e poder fazer melhor. Não deixa de ser verdade que há experiências de sofrimento que mais tarde se tornam aprendizagens. Se assim fosse, na escola, quanto mais falhássemos, melhores alunos, um dia seríamos.Contudo, a verdade é que na escola, quanto mais falhamos, mais difícil é a recuperação.

Aplicar essa ideia à aprendizagem é distorcer e desresponsabilizar o tão necessário envolvimento do adulto nessa valiosa tarefa que é aprender. Uma criança que só tem experiências de falhanço na escola sente-se incapaz, inferior aos outros, menos do que os outros, impotente. Se a criança não acreditar nas suas capacidades, perderá também a motivação e a curiosidade para aprender.

Aprender dá trabalho e pode revelar-se difícil. Requer disponibilidade para enfrentar dificuldades, contradições, desafios e dilemas . Para que seja possível aprendermos um novo conteúdo, precisamos de recorrer a conhecimentos anteriores e dedicar uma boa dose de energia para o esforço intelectual que vamos enfrentar. Como pode uma criança combater todas estas dificuldades sozinha se, para além de já não se sentir capaz, o caminho parecer cada vez mais difícil?

Podemos começar por dizer às crianças que a inteligência “pode crescer”. A inteligência pode ser desenvolvida, durante toda a nossa vida.  Não devemos insistir na velha e falsa ideia que nos fazia acreditar que “alguns nascem mais inteligentes do que os outros”.

Os pais podem, também, ter atenção ao vocabulário que usam quando falam com os filhos sobre o seu desempenho académico. Devem dar mais atenção ao esforço que os filhos fazem para aprender do que às notas que “medem a sua inteligência”. Assim, se a inteligência pode crescer, então, poderá ser alimentada. Ter menos conhecimento do que a maioria não significa que o aluno não é inteligente e que tem dificuldades de aprendizagem, poderá, anates, significar que este aluno precisa de mais atenção e de um trabalho específico para superar as suas dificuldades.

Muitas vezes o problema que se coloca é como ajudar os filhos a desenvolver as suas capacidades. Para isso, quem ensina, não pode estar à frente, mas, sim, ao lado da capacidade. A preocupação dos pais com as notas leva-os, muitas vezes, a adotarem estratégias que, em vez de ajudar os filhos a progredir, os mantêm no mesmo nível ou até a aumentar as suas dificuldades. Exemplo disso são as salas de estudo onde explicadores fazem os trabalhos de casa pelos alunos, em vez de os ensinar a vencer as dificuldades individuais, ou pais que estudam e trabalham pelos filhos, organizando todo o seu estudo.

Quem ensina deve reconhecer as capacidades individuais de cada um e tratar cada caso tendo em conta essa individualidade.

Quem ensina deve acompanhar. Quem ensina deve ouvir. Quem ensina deve reconhecer o esforço. Quem ensina deve impulsionar a curiosidade.