Durante muitos séculos, o objetivo da cirurgia era permitir a sobrevivência. Com o desenvolvimento das técnicas anestésicas e de assepsia, e devido à segurança crescente da cirurgia, começou a falar-se de resultados funcionais e de qualidade de vida. Finalmente, nos últimos anos do século XX, a discussão passou a ser sobre como atingir estes resultados causando o mínimo de dano possível.

A laparoscopia foi a grande revolução da cirurgia dos últimos 100 anos

Esta discussão só foi possível graças ao desenvolvimento de uma nova forma de abordagem às cirurgias: a cirurgia por via laparoscópica (vídeo-assistida). A laparoscopia foi a grande revolução da cirurgia dos últimos 100 anos e permite a realização de praticamente todas as intervenções realizadas por via convencional (laparotomia), com a mesma segurança e eficácia, ou melhor, em algumas situações, e com uma recuperação mais fácil e mais rápida. Doenças como a litíase vesicular (“pedra na vesícula”), obesidade, doença de refluxo, algumas doenças do fígado, baço, pâncreas e glândulas suprarrenais, bem como praticamente todas as patologias do tubo digestivo (incluindo as doenças malignas do estômago e do cólon) poderão ser tratadas de forma minimamente invasiva.
A laparoscopia consiste na realização da cirurgia através de pequenos orifícios na parede abdominal utilizando instrumentos especiais e uma câmara de vídeo miniaturizada que permite observar todo o processo.

A cirurgia laparoscópica tornou-se o “standard” de tratamento

A recuperação após uma cirurgia laparoscópica é significativamente mais rápida do que após uma cirurgia convencional, destacando-se a ausência de dor, a deambulação precoce, a retoma mais precoce da função do tubo digestivo e a menor taxa de complicações relacionadas com a incisão cirúrgica (hérnias incisionais).
A cirurgia laparoscópica tornou-se o “standard” de tratamento em praticamente todas as áreas da cirurgia abdominal e permitiu o desenvolvimento exponencial de algumas áreas cirúrgicas (como sejam a cirurgia da obesidade). Acima de tudo, a cirurgia laparoscópica obrigou-nos a focar não só nos resultados finais, mas também no processo que leva a esses resultados.

Quais as vantagens da laparoscopia?

– Menor dor no pós-operatório
– Recuperação mais precoce da mobilidade
– Recuperação mais precoce da função do tubo digestivo (alimentação mais precoce)
– Internamento mais curto
– Imagem ampliada, permitindo maior precisão cirúrgica
– Menor risco de hérnias incisionais
– Menor risco de infecção e hemorragia

Quais as desvantagens?

– Necessidade de material e tecnologia adequados
– Perda de sensibilidade táctil e de visão 3D
– Limitação da amplitude de movimentos
– Necessidade de formação específica por parte do cirurgião
– Poderá não ser possível em alguns doentes (múltiplas cirurgias prévias devido a aderências ou patologia cardio-respiratória severa).

A cirurgia laparoscópica é segura?

Com a tecnologia existente ao nível de imagem (imagem HD ou 3D) e de instrumentos cirúrgicos, a cirurgia laparoscópica, quando realizada por cirurgiões experientes, é, pelo menos, tão segura como a cirurgia convencional. Diversos estudos comprovam que, em muitas áreas, a cirurgia laparoscópica é mais segura e mais eficaz do que a cirurgia convencional (por exemplo, cirurgia da doença de refluxo ou cirurgia da obesidade).

A cirurgia laparoscópica poderá ser uma opção para mim?

Se necessita de uma cirurgia abdominal, deverá consultar um cirurgião com experiência em cirurgia laparoscópica para avaliar essa possibilidade.