Cirurgia para perder peso…
Mas será seguro?

Apesar de se tratar de um tratamento invasivo a cirurgia é segura.

Atualmente, as cirurgias para o tratamento da obesidade são realizadas através de pequenas incisões na pele da parede abdominal (laparoscopia), o que diminui em muito a morbilidade (complicações) associada à cirurgia e permite um rápido regresso à vida ativa.
As complicações decorrentes do ato cirúrgico são raras (hemorragia, fístula ou infeção), mas dependendo da técnica cirúrgica, a taxa de re-intervenção (necessidade de segunda cirurgia) pode ser de até 5%. Importa referir que a maioria dos doentes submetidos a cirurgia, têm por si só, riscos intrínsecos para qualquer tratamento médico (associados à hipertensão, diabetes, patologia cardiovascular, renal ou respiratória).
A principal causa de morte é o tromboembolismo pulmonar, que resulta da migração de um coágulo para os pulmões, impedindo a respiração. Os principais factores de risco para esta complicação são o tabagismo e a história familiar (que podem ser avaliados antes da cirurgia). É importante garantir que é efectuada a adequada prevenção de tromboembolismos, nomeadamente através de cuidados antes da cirurgia (profilaxia medicamentosa, reversão dos factores de risco), durante a cirurgia (compressão dos membros inferiores, controlo de hemorragias e dissecção cuidadosa) e após a cirurgia (deambulação precoce e profilaxia medicamentosa).

A diferenciação dos cirurgiões, dos anestesistas e de todo o pessoal envolvido nestas cirurgias, a organização em centros de tratamento dedicados, e a evolução tecnológica, permitem que atualmente a cirurgia seja extremamente segura.
Estima-se que o risco de morte após uma cirurgia bariátrica seja de 0.1% (1 em cada 1000 doentes), sendo mais segura do que cirurgias tão simples e habituais como sejam a colecistectomia laparoscópica (retirar a vesícula) ou a colocação de uma prótese da anca.
Comparando com outros riscos do dia-a-dia, pode-se dizer que o risco de morrer após a cirurgia bariátrica é mais baixo do que o risco de morrer num acidente de viação e apenas ligeiramente superior ao risco de morte por cair em escadas.

Os benefícios da cirurgia bariátrica são muito maiores do que os riscos. Em doentes com obesidade mórbida, a médio prazo, não ser submetido a cirurgia é mais perigoso do que ser operado!

A cirurgia bariátrica reduz o risco de morte por outras causas.

Após uma cirurgia bariátrica, as doenças associadas à obesidade têm uma elevada probabilidade de ser controladas ou revertidas (~80%). Além disso, o risco de morte é reduzido (até menos 90%).
A mortalidade específica também diminui significativamente para doenças como o cancro (redução de 60%) diabetes (90%) e doença cardíaca (50%). Estudos recentes, demonstram que após a cirurgia, a incidência de cancros hormono-dependentes (mama, endométrio e próstata) é reduzida para menos de metade e o risco de progressão para diabetes mellitus é reduzido em cerca de 90%.

A obesidade é uma doença e não uma opção ou um estilo de vida.

É importante perceber que não está sozinho. Mais de metade da população portuguesa tem excesso de peso e cerca de 15% são obesos. O excesso de peso é o principal factor associado à perda de anos de vida saudável em Portugal e um doente obeso tem um risco de morte cerca de 2x superior a uma pessoa com peso normal.

A obesidade é uma doença e não uma opção ou um estilo de vida. Está associada a outras doenças em praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo humano: diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia (alterações no colesterol e triglicerídeos), doença cardíaca, doença vascular cerebral, diversos tipos de cancro, apneia do sono, litíase vesicular (pedra na vesícula), doença de refluxo (azia), osteoartrite, esteatose hepática (fígado gordo), infertilidade, disfunção sexual, depressão e isolamento social.

É a doença mais importante do século XXI, estando associada a cerca de 20% de todas as mortes a mais de 10% de todos os gastos em saúde. A medicina continua a procurar soluções para a epidemia global da obesidade e todas as semanas surgem novos tratamentos “revolucionários”. Infelizmente a maioria destes tratamentos não é capaz de produzir perdas de peso substanciais e duradouras.

A cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz, seguro e duradouro para a obesidade severa, não havendo verdadeiras alternativas terapêuticas.

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