As suas gengivas sangram? Os dentes abanam?

A Doença Periodontal em 7 questões.

1. O que é a doença periodontal

A doença periodontal é a patologia crónica não transmissível mais prevalente no ser humano e afeta 35% da população mundial, segundo a OMS, e 50% dos adultos sofrem desta patologia.

As doenças periodontais são infeções causadas por bactérias que invadem o periodonto, ou seja, os tecidos que envolvem e suportam os dentes, nomeadamente, a gengiva, o osso e o ligamento periodontal (estabelece a união entre a raiz do dente e o osso alveolar).
As doenças periodontais dividem-se em dois grandes grupos: as gengivites e as periodontites. Na gengivite, apenas a gengiva está afetada, não há dor e existe uma inflamação superficial reversível. Quando a gengivite não é tratada, evolui para a periodontite; além da inflamação da gengiva, há também uma destruição mais profunda e irreversível dos tecidos de suporte, como o osso alveolar e o ligamento periodontal, podendo, nas situações mais avançadas, levar à perda dos dentes.

2. Qual ou quais as causas das doenças periodontais

A doença periodontal é de origem multifatorial. As causas mais frequentes são a coexistência da ação das bactérias, a resposta do sistema imunitário, a genética e os fatores de risco, tais como o tabaco, a má higiene oral e a diabetes.

O fator determinante da doença periodontal é constituído pelos microrganismos da placa bacteriana. A gravidade da doença pode estar ligada a aspetos relativos à sua etiologia e a fatores de risco e/ou causais, como, por exemplo, a película adquirida, irregularidade da superfície dentária, má posição dentária, respiração bucal, anomalias dos tecidos moles e a dieta alimentar. Estes são fatores locais ou predisponentes que vão facilitar a instalação da doença. Como fatores de risco sistémicos ou fatores modificadores, temos uma panóplia de causas, desde influências nutricionais, influências endócrinas, distúrbios hematológicos, agentes farmacológicos, intoxicações, distúrbios psíquicos, SIDA e síndromes genéticos.

3. Quais os sintomas das doenças periodontais

A doença periodontal evolui silenciosamente, muitas vezes, sem sintomas, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento precoce.
O sinal mais frequente, e que mais precocemente alerta o doente da existência de doença na gengiva, é o aparecimento de sangramento espontâneo, sangramento após a escovagem ou sangue que aparece na almofada ao acordar. A hemorragia é consequência da existência de uma inflamação nos tecidos gengivais e pode estar presente tanto numa gengivite (forma menos grave) como numa periodontite (forma mais grave).
Alguns dos sintomas visíveis desta patologia são sangramento das gengivas; gengivas vermelhas, inchadas ou sensíveis; gengivas afastada dos dentes ou retraídas; supuração (pus) entre o dente e as gengivas; mau hálito persistente ou mau sabor; dentes com sensibilidade ao frio; dentes permanentes que estão com mobilidade ou a separar-se; maiores espaços entres os dentes, alterações na oclusão ou seja na maneira como os dentes se encaixam entre o maxilar superior e a mandibula; ou qualquer alteração no encaixe de próteses parciais.

4. Qual ou quais a relação com outras patologias sistémicas

Atualmente, existe evidência de relação entre a periodontite e a diabetes, a doença cardiovascular, a osteoporose e as artrites, a obesidade, a depressão e o stress emocional e outras doenças crónicas não transmissíveis. A relação entre a doença periodontal e a diabetes é bidirecional. Assim, é um facto que uma boa higiene oral reduz o risco de diabetes. A ocorrência de partos prematuros e recém-nascidos de baixo peso estão muitas vezes associados a estas patologias.

5. Como prevenir o aparecimento das doenças periodontais

A doença periodontal é caraterizada por uma infeção nas gengivas e pode ser prevenida através um estilo de vida saudável, de uma higiene oral adequada e de visitas regulares ao Médico Dentista, pelo menos, duas vezes por ano.
A placa bacteriana, se não for removida através da escovagem dos dentes, aloja-se entre os dentes e a gengiva provocando inflamação e sangramento gengival (gengivite). Uma gengivite não tratada pode evoluir para periodontite.

Uma higiene oral eficaz é o fator mais importante na prevenção das doenças periodontais, visto ser a forma mais eficaz de eliminar diariamente o facto etiológico da gengivite e periodontite. Devemos escovar os dentes, no mínimo, duas vezes por dia (de manhã e à noite), ou seja, de 12 em 12 horas, durante 3 minutos. Nas superfícies exteriores e interiores dos dentes, devemos inclinar a escova num ângulo de 45⁰ em contacto com a gengiva e fazer pequenos movimentos circulares.
Nas faces mastigatórias dos dentes devemos efetuar movimentos curtos de vaivém.
A língua deve ser escovada suavemente, de forma a remover as bactérias e prevenir o mau hálito.

6. Qual o tratamento para as doenças periodontais

Esta patologia requer tratamento pelo Médico Dentista apropriado; de outra forma, a doença pode evoluir ao longo do tempo, com consequente perda de dentes, alterações estéticas e funcionais e halitose.

O tratamento consiste na eliminação da infeção e evitar que haja reinfeção, já que não é possível eliminar a suscetibilidade do hospedeiro. A remoção da infeção tem de ser feita desde a zona do dente exposta na cavidade oral até ao fundo das bolsas periodontais, onde a doença está a destruir o osso alveolar e o ligamento periodontal. Estes tratamentos consistem, numa primeira fase, na realização de destartarização e raspagem e alisamento radicular, em que se remove a placa bacteriana e tártaro da superfície da coroa e da raiz dos dentes afetados, tornando o dente muito liso e polido. Nas situações de bolsas mais profundas, em que não foi possível limpar o fundo da bolsa, será necessário realizar cirurgia periodontal. Outras técnicas de cirurgia periodontal também são utilizadas com o objetivo de regenerar o osso alveolar e o ligamento periodontal, ou para aumentar o recobrimento da raiz do dente (técnicas de cirurgia mucogengival).

7. O que é a Periodontologia

A Periodontologia é a ciência que estuda o periodonto (estruturas anatómicas que envolvem o dente), as suas doenças, a profilaxia e tratamento das mesmas. É considerada uma especialidade de Medicina Dentária. Em 2012 a Ordem dos Médicos Dentistas criou a especialidade de Periodontologia.

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