A influência dos fármacos na sexualidade.
Na avaliação de problemas e disfunções sexuais, a medicação crónica deve ser sempre questionada, uma vez que, caso não seja a causa direta desses problemas, pode estar a perpetuá-los ou a agravá-los.
Existem estratégias, que passam pela alteração da dose ou do próprio fármaco, para minimizar esse impacto negativo na função sexual.
Esta avaliação requer sempre supervisão médica, preferencialmente, no âmbito multidisciplinar.
Disfunções sexuais
As disfunções sexuais femininas e masculinas são problemas frequentes que podem afetar qualquer indivíduo e ter várias causas. Estas podem incluir problemas físicos, psiquiátricos ou psicológicos, estilo de vida sedentário, tabagismo, falta de conhecimentos e experiência sexuais, traumas sexuais, conflitos nos relacionamentos, problemas laborais ou socioeconómicos, entre outros. Outra etiologia comum das disfunções sexuais são os efeitos secundários de determinados fármacos, utilizados para outros problemas de saúde, frequentemente, problemas crónicos, ou seja, que necessitam de controlo e de medicação para o resto da vida.
Medicamentos e atividade sexual
A maioria das pessoas desconhece que muitos medicamentos utilizados para o controlo de várias patologias podem ter um impacto negativo na sua atividade sexual. Desde alterações no desejo sexual a perturbações de excitação, orgasmo, disfunção erétil ou problemas de ejaculação, os fármacos podem afetar todas as componentes da atividade sexual e os doentes devem ter esse conhecimento. Este efeito pode ser comum em alguns medicamentos e incomum noutros.
Entre os vários fármacos que podem ter interferência sua vida sexual, incluem-se alguns anti-hipertensivos, medicamentos para diminuir os níveis de colesterol, antidepressivos e antipsicóticos, assim como medicamentos utilizados na hiperplasia benigna da próstata, entre outros.
Por outro lado, alguns doentes com problemas graves de saúde deixam de tomar a sua medicação por surgirem estes efeitos e não estarem dispostos a abdicar da sua vida sexual, o que pode ser perigoso e originar ainda piores consequências na sua saúde.
A medicação para qualquer patologia deve ser sempre mantida até a poder discutir com o seu médico prescritor. Assim, é importante saber que existem alternativas, caso os problemas sexuais lhe estejam a causar grande preocupação ou sofrimento.
Sexualidade plena, apoio especializado
Na Clínica de Medicina Sexual, todos os profissionais de saúde têm conhecimento dos diferentes efeitos laterais dos fármacos que podem afetar a sua sexualidade e podem informá-lo do mesmo, podendo sugerir-lhe alternativas para diminuir estes efeitos. Dentro destas alternativas, incluem-se alterações terapêuticas nas áreas da Ginecologia, Urologia e Psiquiatria (as três especialidades médicas englobadas), mas também a adição de outros fármacos que ajudem a eliminar ou contornar os efeitos negativos.
Para além disso, são exploradas outras questões relacionadas com a sexualidade, nomeadamente problemas ginecológicos, urológicos, psiquiátricos ou psicológicos que a possam estar a afetar ou agravar. Frequentemente os problemas sexuais não têm uma única causa e, assim, com um acompanhamento ponderado e completo, pretende-se que o indivíduo possa vivenciar uma sexualidade plena, livre de julgamentos e de limitações.
Bibliografia: The ESSM Manual of Sexual Medicine 2015.ESSM Educational Committee.
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